terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Esquina


      Marc Chagal,La Danse (óleo sobre tela,1950)
Nas ruas estreitas andava distraída
Chutava pedrinhas para espantar as lembranças
Sua dor física se confundia com a da alma
O sol teimava em se esconder por trás das nuvens
Das úmidas telhas, o olhar fixo do gato espreitava sua alma
Na esquina diagonal, o bode tocava violino...
Ana Coeli

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Janelas da vida...Janelas da alma

Casarão de Olinda( Foto 10/8/11)
Manhã de sol e ventania, abro as janelas para festejar o astro rei que ha tempo não aparecia. As janelas fazem parte das manhãs, assim como o nascer do sol. Gosto de casas com janelas, muitas janelas, elas me comovem e me fascinam, pois é através delas que vemos o mundo lá fora, é por elas que sentimos e percebemos a promessa de renovação da vida e a leveza líquida da luz do sol.  O que há por trás delas? Quanta vida e sonhos escondem?  Quantos momentos felizes ou tristes deslizam com o tempo na paisagem de uma janela? Gosto de escancará-las para permitir que o claro do dia ilumine suavemente cada recanto da casa e desfaça as brumas da noite. É por elas que aspiramos o suave perfume das flores, sentimos o cheiro da terra, das telhas úmidas do orvalho das manhãs. Ouvi dizer que os olhos são as janelas da alma e certamente as janelas são a alma das casas. Elas constituem um portal para o mundo exterior, para outro lado, o além de nossas vidas em quatro paredes, uma verdadeira ponte, um chamado para vida que palpita em harmonia com leis imutáveis da natureza. Delas podemos enxergar o tempo e a vida caminhando lado a lado,a troca gasosa da clorofila, os pássaros, por vezes até, as pessoas que passam ao longo da rua. É por elas que divisamos montanhas, vales e horizontes, fora e muitas vezes  dentro de  nós mesmos.
 Na memória das janelas há olhares, paixões, segredos antigos, e o mais importante, a espera, ou um adeus de alguém que passa... Há grande magia ao olharmos uma janela iluminada com cortinas de renda em noites de luar, perfumada com jasmins, cujos galhos insistem em bater com o vento em sua vidraça, despertando singelos e mágicos sonhos.
As janelas das casas permitem que ao debruçarmos sobre elas, olhemos para o céu e deslumbremos em noites de estrelas, as janelas de nossa alma...
Ana Coeli













domingo, 6 de novembro de 2011

Eu lembro...



 Chagall, (La vie paysanne)
Eu lembro...
De acordar com o sol 
De um mundo de girassóis
Do verde olhar dos imensos campos de sisal e o lamento triste do motor
Das águas límpidas dos milenares tanques de pedra, o cinza dormente dos galhos na seca
 O branco dos varais esterilizados pelo sol e o azul, azul profundo da pedra de anil
Do burrinho de olhos tão meigos
Cargas d' água, potes de barro
Redemoinho de terra... Medo do saci- pererê!
No silêncio inquietante da tarde, bate pilão, cheiro de café
Eu, menina, sentada na janela, escutava a vida passar... O amolador de tesoura girou a roda do tempo.
Ana Coeli

sábado, 29 de outubro de 2011

Contemplação



O sol se derrama em raios dourados
Tarde morna, vento sopra de mansinho
Gatos relaxados dormem, dormem..
Pássaros silenciam
Por instantes, nada se move na natureza
Cores de Paul Klee!
Há silêncio... Contemplação

Ana Coeli
Paul Klee,Red Ballon, 1922.



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

De um Mundo Encantado




Anita Garibaldi...  lindo e pomposo nome nos faz lembrar a grande heroína que foi para guerra e lutou bravamente em companhia do seu amado Garibaldi.
Mas a Anita Garibaldi que conheço, enfrenta a grande batalha de ganhar a vida com seu oficio e certamente é tão heroína quanto sua xará. Ela tem um jeito maroto e olhos de gueixa, o que a faz ser dona de uma beleza quase exótica e  singular, carrega consigo uma alegria e um belo sorriso estampado no rosto. Anita tem um dom; que já há muito se perdeu em nossos dias modernos, ela faz bonecas! Não aquelas bonecas falantes, robotizadas, ou pequenas miniaturas de uma sociedade consumista e descartável. As mãos de Anita parecem carregar o mágico pó-de-pirlimpimpim que a faz  transformar pequenos retalhos coloridos em lindas e misteriosas bonecas  com dedinhos e sapatinhos vermelhos. Sem falar dos  Palhaços de nariz pontudo ou de olhar tão triste que os nossos por breves instantes acabam virando lagos. Impossível não se encantar com as maravilhosas bruxas de belos vestidos de tule, seda, renda, veludo e olhinhos puxados carregados de segredos. Ela cria os mais variados personagens, eles parecem sair de um romance celta ou contos de fadas com casinha na floresta de majestosos carvalhos, onde uma  menina de capa vermelha busca ser salva por seres luminosos.
Anita é uma artista genial; e como tal, faz arte. Seu trabalho tem alma, requinte, delicadeza que leva ao deleite nosso olhar para um mundo de sonho e magia
Era uma vez...
Ana Coeli
Homenagem ao dia das crianças




terça-feira, 20 de setembro de 2011

Eram mais que irmãs...


Eram mais que irmãs... Eram gêmeas. Lado a lado, retas paralelas se espelhavam dia e noite. Pareciam buscar nas alturas tocar o céu,s
ímbolo da engenharia, bela e moderna arquitetura. Numa ensolarada manhã de primavera, surgiu no céu um gigante pássaro de ferro com asas de fogo, num lapso olhar, imágens de horror surreal, instantes depois o pó cinza da destruição se fez diante dos olhos que não queriam acreditar, gravando na memória do tempo, o surdo e comovente eco das vozes dos que se foram. Hoje, em seu lugar há um imenso buraco quadrado, como a alertar para os quatro cantos da terra, onde nem a água que a tudo toma forma e completa, nunca haverá de preencher. A lembrança das grandiosas e belas torres, se irmanam na saudade de cada nome gravado na fria pedra silenciosa. Elas já não existem, mas continuarão gêmeas para sempre em nossa memória, na dor e no estranho vazio que ficou no coração dos homens.
Uma singela homenágem aos que se foram...

Ana Coeli













quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vento de Agosto


Sopra vento, sopra vento!

Vento do mês de Agosto

Leva pra longe, muito longe meu desgosto...

Ó vento dos confins do mundo!

Tens o eco das montanhas

À noite bates surdo nas janelas

Açoitas meus segredos distantes
Arrastas o pó dos séculos e jogas por terra os sonhos dos homens...
Sopra vento, sopra vento...
.Claude Monet (Mulher com sombrinha-1875)
Ana Coeli

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Solidão

Seu olhar se perde na paisagem deserta
Tão triste, tão cinza
Tão ela mesma...
Há um inquietante silêncio na natureza
Os dias passam, passam...
Seu velho relógio marca o compasso da vida.
Em sua letargia
Gira a ampulheta do tempo
Se desfaz em sua areia...
No hiato do tempo
Mora a solidão
Ana Coeli
Autômata (Obra Realista, Ewduard Hopper,1927)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A bela Maya

   Minha bela, mais que bela gatinha Maya se foi, Hoje cedo ao abrir a porta à visão foi chocante, me deparei com seu corpinho estendido no chão. De inicio pensei que ela estivesse dormindo, ainda cheguei a chamá-la, mais logo vi que algo não estava bem pois a mesma não se mexeu. Naquele instante meu coração gelou, quando cheguei mais perto não quis acreditar.   Minha linda Maya (que veio do caminho das Índias) como gostava de falar, em virtude dos seus belos olhos que pareciam pintados de cajal preto, daí a origem do seu nome, estava sem vida.
   Nasceu em minha casa, filha da Flor de uma barriga de quatro filhotes, desde pequenina foi muito paparicada e amada por todos de casa, tinha pouco mais de um ano, raramente miava,  toda ela era a própria doçura, tinha seus lugares secretos e favoritos para dormir como: dentro de um jarro vazio ou no porta revista.
   O mais triste e que me deixou indignada com sensação de revolta e imensa dor, foi constatar que aquela criatura tão amorosa e inofensiva, foi vitima de um dos atos mais cruéis e covardes do ser humano.
    Minha doce Maya comeu inocentemente algo preparado pelas mãos da maldade humana, de um coração sem alma. Hoje, minha dor se mistura com um sentimento de vergonha, saber que tantos que nos rodeiam são tão egocêntricos e que não se fazem dignos deste belo e sagrado planeta em que estamos passando nesta vida. Tantos que plantam a indiferença em seu coração e maltratam os nossos mais puros irmãos que são os animais. Hoje, meu coração, todo o meu ser, chora e pede perdão a Maya, a Jade, Fumaça, Sininho, Kiko...   A todos os animais que se foram vítimas deste monstruoso e covarde ato. Perdão, pelos que não tiveram olhos de ver e o privilégio de conviver com uma das mais belas e puras formas de amor, ao excluir os animais de sua vida.
   No silêncio da minha dor, recito  o mantra sagrado budista de AMOR E COMPAIXÃO A TODOS OS SERES
CIENTES E SENCIENTES...  Que este sagrado mantra seja levado aos ventos aos mais distantes lugares da terra como BANDEIRINHAS DE ORAÇÃO E FLUTUE NOS CORAÇÕES DOS HOMENS de tão pouca ética e consciência... Perdão, minha bela Maya que veio das Índias, para encher meu coração de alegria e me ensinar à humildade e compaixão.

Ana Coeli




segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cisne Negro

No palco da vida há um balé dramático... Dois belos cisnes giram...
Em dias sombrios... Cisne negro abre suas assas sobre mim
Em meu delírio, seu balé tem passos marcados
Na sinfonia de luz e sombra, sua dança é frenética
No espetáculo da vida, quero a dança perfeita
Passos leves, ao som de Clair de Lune
Nas brumas do lago,o misterioso cisne negro agita suas asas
Voa em busca da luz e se transmuta no mais belo e puro
Cisne  branco....Símbolo de minha alma imortal.

Ana Coeli




       











quinta-feira, 14 de julho de 2011

Espelho de mim...

Espelho, espelho meu...
Ainda criança, descobri o Narciso que havia em mim.
Teu reflexo me fez presa da vaidade e de tua sedução
És rei das ilusões e carrasco cruel.
Guardas em teu cristal o enigma do tempo...
Que mistérios se oculta em tua face negra?
Quisera abrir teus sete portais!
Girar levemente teus espelhos mágicos
Me encontrar nas mil faces de outrora.
Há dias que te ignoro, evito cruzar meu olhar com tua gélida face.
Hoje,busco no brilho das estrelas
O espelho da minha alma...

Ana Coeli
Obra impressionista,Berthe Morisot-(The Cheval Glass)-1876

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cadernos


Como seres alados,os cadernos são impregnados de vida e mistério
Âncoras do presente, registro do passado
Muitos se perdem nas areias do tempo
Esquecidos, solitários, amarelados e raros 
Outros sucumbem e se retiram
Diários de momentos preciosos, folhas ao léu...
Uma palavra, uma poesia, quem sabe... uma lágrima..
Aula de anatomia de um menino de olhos do Oriente
Com pincéis mágicos, seu pai o vestiu de Arlequim e
pintou a "Cândida" criança na Terra do Nunca, eternizando em raro... Portinari!

Ana Coeli

"Dedico este post  ao João Candido Portinari, pelas belas lembraqnças de sua infância e do seu incansável trabalho a memória do seu querido pai"

Fonte: quadro de Candido Portinari

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chove lá fora

 


Chove lá fora
Forte, sonora, fria...
Em cada pingo que cai,  carrega em si,  o germe da vida.
Fertiliza a terra, aplaca a sede  
Renasce nas Fontes
Cai em Cascatas
 Reflete o brilho da lua nos lagos
Abre caminhos nos leitos dos rios 
Seu destino,  sua meta... 
 Expandir em Ondas
Flutuar em espumas
Ser Mar... Ser Imensidão...

Ana Coeli






sábado, 14 de maio de 2011

Colcha de Retalhos


Eu vi! pendurada no varal

A colcha de retalhos que minha mãe fez

Dias e dias a cortar formas geométricas

Eram apenas, retalhos...

Suas mãos hábeis deram forma ao sem forma

Agulha e linha teceram um a um em pontos e nós

Caleidoscópio de cores a girar no tempo

Evocam momentos... Lembranças...
Eu vi! o vento de outono brincar na colcha de retalhos

Passou zunindo por mim
 Soprando histórias que jamais ousei contar...
.Eu vi! o fio do tempo na colcha de retalhos
Eram apenas, retalhos... 




                                           Ana Coeli





quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Lorde Inglês







Mnemosine insiste em despertar minhas lembranças que vagueiam como sonhos, ora bem claros e quase reais, ora distantes e envoltos na mais cinza bruma. Embora, muitas vezes se revelem em noites de pesadelos... Mais, o que quero mesmo é falar de uma das mais belas e queridas lembranças que carrego da infância, trata-se de uma pessoa muito especial que tive o privilégio de conviver, ainda por cima, ser esta mesma pessoa meu tio. Antônio! este era o seu nome. Um autêntico "Lorde Inglês" sim! eu explico! isso se deve ao fato de lembrar dele com um belo porte altivo e certo ar nobre que caminhava lado a lado, com sua simplicidade e humildade que lhe era peculiar. Tinha maneiras finas e educadas,Fruto da rígida educação que as famílias mais abastadas cultivavam em sua época.Gostava de se vestir com um magnífico terno de linho branco que o tornava mais leve e bonito em sua pele clara, seus cabelos brancos e belos olhos castanhos, pequenos, levemente puxados que lhe dava um ar meio exótico.Eu, menina que era na época, gostava de ficar a janela no final de tarde a esperá-lo, de lá, podia acompanhar com os olhos ansiosos seu retorno para casa após o trabalho, quando discernia seu vulto na esquina com passos lentos e cadenciados,sem nunca deixar de trazer o saboroso e esperado pacote de pão no braço (naquele época enrolava-se em uma folha de papel dobrando as pontas em um pacote) que comprava na padaria "Flor das Neves"(ainda hoje existe) na outra mão, transportava uma pequena pasta com papéis do seu trabalho. Aquela súbita visão, fazia meu coração disparar de alegria na qual sua presença era sempre motivo de festas e mimos.Naquelas noites quentes de verão, ele ficava um bom tempo de bruços no pequeno portão de casa a me contar suas histórias de menino e notadamente de sua juventude, com seus pais e irmãos. Eu gostava especialmente que me falasse do meu pai e dos meus avós, que não cheguei a conhecer, ou das vezes que me levava a longos passeios a pé, pelas ruas e avenidas de uma cidade ainda com belos casarões antigos, a me encantar com os verdes e saborosos pés de jambos, ao longo das praças. Muitas vezes insistia em parar para vê-los, o que o impacientava e queria apertar os passos, outras vezes, era ele que encontrava um amigo, a quem cumprimentava e quase sempre havia uma pequena prosa, nestas, eu é que ficava impaciente para retornar a caminhada.
Hoje, vez por outra volto àquela rua, até entro naquela padaria para reviver e matar um pouco a saudade, outro dia, até fiz aquele tão conhecido caminho, mas, em cada passo que dava, meu coração batia mais forte, fechei os olhos e por segundos me vi pequenina com um vestidinho verde franzido na cintura e magas bufantes, arrematados com um belo bico bordado, costurado por minha mãe, especialmente para ir passar as férias na capital, (João Pessoa). Lá, na esquina do tempo...Eu caminhava de mãos dadas com aquele que tinha olhos de bondade e o coração leve como o beija-flor.

Ana coeli

(Ofereço este post em homenagem ao meu amado tio Antônio pelos belos dias de primavera da minha infância e pelo grande homem que soube ser.)









terça-feira, 12 de abril de 2011

Longa Estrada






Longa é a estrada da vida
Caminhos...
Retas paralelas que me conduzem ao infinito
Ora estreitos e sinuosos
Pedras, curvas, espaços vazios
Buracos negros...
Pontes que me arremessam a outra margem
Montanhas a escalar
Ladeiras a despencar
Setas a seguir em frente...
Sinais que me acordam os sentidos
Pare, Olhe , Escute.

Ana Coeli






























quarta-feira, 6 de abril de 2011

Luzes de Outono





Mais uma vez, ela corre para a janela em silêncio, olha o sol que estende seus últimos raios de tons avermelhados a se despedir de mais um dia de fim de verão e Outono que já se evidencia com suas luzes e matizes únicos da estação, bem próximo do equinócio quando seu dia e noite quase já se igualam, contribuindo para que toda a natureza em seu grandioso mistério se prepare para frutificar.
De repente, há um surdo e inquietante movimento, tudo a volta parece vibrar, pássaros apressados voam em busca dos seus ninhos e rotas.
As cigarras acordam de seu longo sono subterrâneo para em uníssono cantar em seu misterioso e sonoro canto da terra, seres da noite esperam os últimos raios e abrem suas asas em voos frenéticos na tarde morna de Outono.
Quando o lusco-fusco enfim toma conta do espaço, há um breve e melancólico silêncio, momento solene, hora sagrada, hora do Anjo... da Ave Maria...
Quando mais uma vez seus olhos fitam o horizonte, vê no céu o radiante brilho da estrela Dalva e com ela o manto negro da noite bordado de estrelas... A noite subitamente se fez.

Ana Coeli




















quarta-feira, 23 de março de 2011

Vestido Azul...




Como nos contos de fada, também tive um lindo e precioso vestido azul do mais fino e belo papel crepom. Na Rua que morava havia uma família que estava organizando um pastoril, eu pequenina que era fui escolhida para ser a borboleta da dança, lembro que nos primeiros ensaios fiquei muito acanhada, pois tinha que recitar uma pequena poesia. "Sou bem pequenina do tamanho do tostão, levo papai no bolso e mamãe no coração, o bolso se rasgou e papai caiu no chão, mamãe que era doce ficou para sempre no coração” bem, era mais ou menos isso! Com a freqüência dos ensaios logo estava bem desinibida e dançava feliz a saltitar tal qual a própria borboleta.
Mamãe que adorava costurar e com mãos de fada, logo começou a fazer o vestido para a grande noite da apresentação, Com maestria e dedicação, tiras de papel de tamanhos e formatos diferentes foram se transformando em laços e babados arrematados com o fino e mágico pó de purpurina prata. Na primeira prova, foi um momento difícil e delicado, pois não podia se mexer para não correr o risco de rasgar e por tudo a perder. Lembro que levou vários dias para que ficasse pronto e das dificuldades que minha mãe se queixava por costurar em papel. Eu como sempre, me deliciava com as costuras, não saia do pé da máquina atenta a todos os detalhes, até vê finalmente pronto o tão esperado vestido. Foi assim naquela encantada noite perdida no tempo, com o coração a bater forte no peito e olhos de ver, metamorfose se fez na mais linda borboleta azul com purpurina nas diáfanas asas. Cantei...

... Dancei... E no veludo negro da noite, alcei vôo rumo às estrelas.


Somos pastoras, pastorinhas belas...,






Ana Coeli








domingo, 13 de março de 2011

Japa Mala


Japa Mala ...Espírito e Matéria!
Cordão de cento e oito contas
Tasbi dos Maometanos
Rosário dos Cristãos
Corrente de Energia...
Mandala de Luz
Deslizam suavemente em meus dedos, murmúrios de sons sagrados
Tesouro de todos os Mestres, Sábios e Santos.
Presente nos quatro cantos da Terra...
Contas de sandâlo que me elevam ao monte Meru!
Ecoa pelo tempo...Vibram no Espaço..
Sopram com o vento Leste..
O sagrado Mantra...  OM Mani Padme Hum...

Ana Coeli

quinta-feira, 3 de março de 2011

Mar Azul

[sem+título.bmp] 

O Gigante se Aproxima
Meus olhos se enchem de Mar...Imensidão Azul... 
Azul Marinho
Azul Celeste
Azul Anil
Azul Indigo
Azul Turquesa
Azul Piscina
Azul  Chatre
Azul  Paul Klee
Azul Céu Portinari 
Vida  Azul...Na Casa Azul...

Ana Coeli


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Noite Do Meu Bem...


A noite do meu Bem, foi uma das mais belas canções que me recordo de ter escutado quando criança, ou seja, prestado atenção em sua letra e canção. Lembro que há muito tempo atrás quando era bem pequena mesmo, por volta de uns cinco anos, meu tio José, que na época era um rapaz solteiro, moreno e um verdadeiro galã para as moças de então. De certo, imagino eu, que  estava no auge da paixão e romantismo por sua namorada Iady( Hoje esposa com filhos e netos)
Todas as noites após o jantar ele tinha um verdadeiro ritual, sentava-se em um dos sofá, recostava a cabeça no espaldar da cadeira, na simples, pequena, mais bem aconchegante  sala de visita, com suas três poltronas estilo Luís XV  e cortinas de damasco vermelha que adornava o janelão principal que dava para a rua.
Dai então, começava a cantoria com as canções da moda na época, lembro de sua voz grave e muito bonita a embalar o silêncio das noites escuras. Digo escuras! Pois naquela época não havia chegado a luz eletrica e toda a iluminação era feita com os belos e românticos candeeiros a gás.
Foi então naquelas noites escuras, com a bruxuleante luz a se derramar por toda a sala,quando o poder mágico da música acordou suas notas em mim para sempre, ao ouvir "A Noite do Meu Bem," entoada pela bela voz do meu tio, com sua linda canção, profunda e tocante poesia.  Até hoje, me recordo da sensação de paz, de algo muito além do tempo ao escutá-la, algo como: Que verdadeiramente, as crianças  estão em paz dormindo, ao abandono de flores se abrindo... com a primeira estrela que vier com seu rastro de luz e com ela a alegria de um barco voltando... a ternura de mãos se encontrando...  com amor profundo e toda a beleza do mundo.
"Hoje eu quero a rosa mais linda que houver..."


( Dedico com carinho este post em homenagem ao meu tio José ,pela doce lembrança)


"Noite Do Meu Bem"( Letra e Música de Dolores Duran- 1959)
Ana Coeli

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pássaro Ferreiro



Ao longe..
Forte e melancólico canto 
Teu grito de ferro...
Corta o espaço, hora morna do dia
Solene silêncio.
Pássaro Ferreiro!
És mistério da natureza
Despertando em mim tanta beleza


Ana Coeli