quinta-feira, 18 de julho de 2013

Damasco




Cândido Portinari

Damasco... Damasco..
Era uma seda vermelha de veludo
Os olhinhos da menina, encheram-se de espanto!
De que reino ou conto de fadas existia algo assim, tão belo! Tão precioso! Tão raro! Seria  do reino da pérsia?
Ou teria vindo do“ caminhos das Índias?”
O mundo já não era cinza e pálido...
O mundo era... Vermelho damasco!
Nunca! Nunca toda em sua vida, ela iria esquecer, as cortinas vermelhas de veludo damasco que sua mãe fez!
As cortinas de damasco, coloriram as janelas da sua casa naquelas manhãs de sol, suas sombras dançantes deslizavam nas paredes formando belos reflexos vermelhos, encantado para sempre sua alma de luz e magia, naqueles dias de sonhos, da doce e distante  infância...
Nunca mais em toda sua vida, ela iria esquecer.
As cortinas vermelhas de veludo damasco... 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quem poderá dizer daqueles dias...

Festa de São João com Guirlanda - Anita Malfati

Quem poderá dizer daqueles dias...
 Dos festejos juninos,do
 rodopio e  os passos marcados da quadrilha
Quem poderá dizer daqueles dias...
Dos olhares e o toque das mãos  á entorpecer nossos sentidos
Quem poderá dizer daqueles dias...
  Do inebriante som da sanfona e o batuque do tambor a confundir-se com o pulsar dos nossos corações
Quem poderá dizer daqueles dias...
Da fogueira que aquecia a noite fria e o colorido balão, subindo, subindo... até  perde-se na imensidão das estrelas.
Quem poderá dizer daqueles dias...
Da música mais bela que ficou gravada pra sempre em nossos corações... ”Olha pro céu meu amor , veja como ele está lindo...”
Quem poderá dizer daqueles dias...




quarta-feira, 12 de junho de 2013

Outono

Conto meus dias pelas estações que passam
E quando o sol de outono deita seus raios dourados e o véu negro da noite cai, fios invisíveis tecem lembranças desbotadas pelo tempo...
Fecho os olhos, sinto o perfume do jasmim entorpecer meus sentidos e me perco nos ecos 
do passado...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O amor


 


O dia vem chegando devagar  
O sol desponta lá no céu
Caminho de ouro, luz de mel
Um rastro claro de poder
O mar o azul do céu
Navego para te encontrar
Respiro fundo em te querer
Espelho imagem de você
Senti tua luz em mim
O amor
O amor enfim...




quinta-feira, 2 de maio de 2013

Dia de feira em Pocinhos



Dia de feira, badaladas do sino da matriz, frenesi na praça
barracas, bode, cabras, galinhas
Caminhão, pau- de- arara, burrinhos de cangalha, fardos de agave, bicicletas, difusora, caixeiros- viajantes, camelôs, tropel de animais, estalido do chicote, cantadores, emboladores de coco, matutos, beradeiros, candangos de motor de agave. Os homens se reuniam em rodas, empestavam o ar fumando seus cachimbos e cigarros pé de burro, com trejeitos simples, cuspiam de lado, falavam alto, pru mode, pru via, em riba, ontonce, vosmicê, fulô, dixe, sumana, bulir.
A praça fervia... Sinfonia de sons e aromas, caleidoscópio de cores que hipnotizavam matutos e beradeiros, aqui e ali, o preto do luto.
Óleo de coco, leite- de-rosas, brilhantina
fazenda de chita para o mais florido vestido

Naquele dia especial, tudo era arranjado e sacramentado com a missa; batizados, casamentos, namoro, noivado e até extrema unção. Dia de encontrar as comadres, amigos e parentes, namorar moça bonita de saia rodada, sobrinha colorida, batom vermelho, rougue nas faces e pó de arroz

Mas a menina se encantava, só tinha olhos para aquela humilde mulher franzina sentada no chão, com pequenos retalhos coloridos ela tecia  e logo de suas mãos mágicas surgia, a mais linda e singela boneca de pano.

sábado, 13 de abril de 2013

O vento



O vento que sopra atrás de mim
Carrega vozes e lembranças, move-se no ar, acima e abaixo na terra,levando folhas mortas para outro continente...
Às vezes, ó brisa mansa e doce das montanhas
Acaricia a pele, trás alento à vida...
Guardo folhas e flores em livros antigos
 para  recordar  do vento e  da primavera.

domingo, 10 de março de 2013

De mãos dadas


De  Chirico


Somos nossa própria morte

Vida e morte caminham de mãos dadas

Uma vez vida

Outra vez morte

Até unirem-se num fio continuo de luz