segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cisne Negro

No palco da vida há um balé dramático... Dois belos cisnes giram...
Em dias sombrios... Cisne negro abre suas assas sobre mim
Em meu delírio, seu balé tem passos marcados
Na sinfonia de luz e sombra, sua dança é frenética
No espetáculo da vida, quero a dança perfeita
Passos leves, ao som de Clair de Lune
Nas brumas do lago,o misterioso cisne negro agita suas asas
Voa em busca da luz e se transmuta no mais belo e puro
Cisne  branco....Símbolo de minha alma imortal.

Ana Coeli




       











quinta-feira, 14 de julho de 2011

Espelho de mim...

Espelho, espelho meu...
Ainda criança, descobri o Narciso que havia em mim.
Teu reflexo me fez presa da vaidade e de tua sedução
És rei das ilusões e carrasco cruel.
Guardas em teu cristal o enigma do tempo...
Que mistérios se oculta em tua face negra?
Quisera abrir teus sete portais!
Girar levemente teus espelhos mágicos
Me encontrar nas mil faces de outrora.
Há dias que te ignoro, evito cruzar meu olhar com tua gélida face.
Hoje,busco no brilho das estrelas
O espelho da minha alma...

Ana Coeli
Obra impressionista,Berthe Morisot-(The Cheval Glass)-1876

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cadernos


Como seres alados,os cadernos são impregnados de vida e mistério
Âncoras do presente, registro do passado
Muitos se perdem nas areias do tempo
Esquecidos, solitários, amarelados e raros 
Outros sucumbem e se retiram
Diários de momentos preciosos, folhas ao léu...
Uma palavra, uma poesia, quem sabe... uma lágrima..
Aula de anatomia de um menino de olhos do Oriente
Com pincéis mágicos, seu pai o vestiu de Arlequim e
pintou a "Cândida" criança na Terra do Nunca, eternizando em raro... Portinari!

Ana Coeli

"Dedico este post  ao João Candido Portinari, pelas belas lembraqnças de sua infância e do seu incansável trabalho a memória do seu querido pai"

Fonte: quadro de Candido Portinari

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chove lá fora

 


Chove lá fora
Forte, sonora, fria...
Em cada pingo que cai,  carrega em si,  o germe da vida.
Fertiliza a terra, aplaca a sede  
Renasce nas Fontes
Cai em Cascatas
 Reflete o brilho da lua nos lagos
Abre caminhos nos leitos dos rios 
Seu destino,  sua meta... 
 Expandir em Ondas
Flutuar em espumas
Ser Mar... Ser Imensidão...

Ana Coeli






sábado, 14 de maio de 2011

Colcha de Retalhos


Eu vi! pendurada no varal

A colcha de retalhos que minha mãe fez

Dias e dias a cortar formas geométricas

Eram apenas, retalhos...

Suas mãos hábeis deram forma ao sem forma

Agulha e linha teceram um a um em pontos e nós

Caleidoscópio de cores a girar no tempo

Evocam momentos... Lembranças...
Eu vi! o vento de outono brincar na colcha de retalhos

Passou zunindo por mim
 Soprando histórias que jamais ousei contar...
.Eu vi! o fio do tempo na colcha de retalhos
Eram apenas, retalhos... 




                                           Ana Coeli





quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Lorde Inglês







Mnemosine insiste em despertar minhas lembranças que vagueiam como sonhos, ora bem claros e quase reais, ora distantes e envoltos na mais cinza bruma. Embora, muitas vezes se revelem em noites de pesadelos... Mais, o que quero mesmo é falar de uma das mais belas e queridas lembranças que carrego da infância, trata-se de uma pessoa muito especial que tive o privilégio de conviver, ainda por cima, ser esta mesma pessoa meu tio. Antônio! este era o seu nome. Um autêntico "Lorde Inglês" sim! eu explico! isso se deve ao fato de lembrar dele com um belo porte altivo e certo ar nobre que caminhava lado a lado, com sua simplicidade e humildade que lhe era peculiar. Tinha maneiras finas e educadas,Fruto da rígida educação que as famílias mais abastadas cultivavam em sua época.Gostava de se vestir com um magnífico terno de linho branco que o tornava mais leve e bonito em sua pele clara, seus cabelos brancos e belos olhos castanhos, pequenos, levemente puxados que lhe dava um ar meio exótico.Eu, menina que era na época, gostava de ficar a janela no final de tarde a esperá-lo, de lá, podia acompanhar com os olhos ansiosos seu retorno para casa após o trabalho, quando discernia seu vulto na esquina com passos lentos e cadenciados,sem nunca deixar de trazer o saboroso e esperado pacote de pão no braço (naquele época enrolava-se em uma folha de papel dobrando as pontas em um pacote) que comprava na padaria "Flor das Neves"(ainda hoje existe) na outra mão, transportava uma pequena pasta com papéis do seu trabalho. Aquela súbita visão, fazia meu coração disparar de alegria na qual sua presença era sempre motivo de festas e mimos.Naquelas noites quentes de verão, ele ficava um bom tempo de bruços no pequeno portão de casa a me contar suas histórias de menino e notadamente de sua juventude, com seus pais e irmãos. Eu gostava especialmente que me falasse do meu pai e dos meus avós, que não cheguei a conhecer, ou das vezes que me levava a longos passeios a pé, pelas ruas e avenidas de uma cidade ainda com belos casarões antigos, a me encantar com os verdes e saborosos pés de jambos, ao longo das praças. Muitas vezes insistia em parar para vê-los, o que o impacientava e queria apertar os passos, outras vezes, era ele que encontrava um amigo, a quem cumprimentava e quase sempre havia uma pequena prosa, nestas, eu é que ficava impaciente para retornar a caminhada.
Hoje, vez por outra volto àquela rua, até entro naquela padaria para reviver e matar um pouco a saudade, outro dia, até fiz aquele tão conhecido caminho, mas, em cada passo que dava, meu coração batia mais forte, fechei os olhos e por segundos me vi pequenina com um vestidinho verde franzido na cintura e magas bufantes, arrematados com um belo bico bordado, costurado por minha mãe, especialmente para ir passar as férias na capital, (João Pessoa). Lá, na esquina do tempo...Eu caminhava de mãos dadas com aquele que tinha olhos de bondade e o coração leve como o beija-flor.

Ana coeli

(Ofereço este post em homenagem ao meu amado tio Antônio pelos belos dias de primavera da minha infância e pelo grande homem que soube ser.)