quarta-feira, 12 de outubro de 2011

De um Mundo Encantado




Anita Garibaldi...  lindo e pomposo nome nos faz lembrar a grande heroína que foi para guerra e lutou bravamente em companhia do seu amado Garibaldi.
Mas a Anita Garibaldi que conheço, enfrenta a grande batalha de ganhar a vida com seu oficio e certamente é tão heroína quanto sua xará. Ela tem um jeito maroto e olhos de gueixa, o que a faz ser dona de uma beleza quase exótica e  singular, carrega consigo uma alegria e um belo sorriso estampado no rosto. Anita tem um dom; que já há muito se perdeu em nossos dias modernos, ela faz bonecas! Não aquelas bonecas falantes, robotizadas, ou pequenas miniaturas de uma sociedade consumista e descartável. As mãos de Anita parecem carregar o mágico pó-de-pirlimpimpim que a faz  transformar pequenos retalhos coloridos em lindas e misteriosas bonecas  com dedinhos e sapatinhos vermelhos. Sem falar dos  Palhaços de nariz pontudo ou de olhar tão triste que os nossos por breves instantes acabam virando lagos. Impossível não se encantar com as maravilhosas bruxas de belos vestidos de tule, seda, renda, veludo e olhinhos puxados carregados de segredos. Ela cria os mais variados personagens, eles parecem sair de um romance celta ou contos de fadas com casinha na floresta de majestosos carvalhos, onde uma  menina de capa vermelha busca ser salva por seres luminosos.
Anita é uma artista genial; e como tal, faz arte. Seu trabalho tem alma, requinte, delicadeza que leva ao deleite nosso olhar para um mundo de sonho e magia
Era uma vez...
Ana Coeli
Homenagem ao dia das crianças




terça-feira, 20 de setembro de 2011

Eram mais que irmãs...


Eram mais que irmãs... Eram gêmeas. Lado a lado, retas paralelas se espelhavam dia e noite. Pareciam buscar nas alturas tocar o céu,s
ímbolo da engenharia, bela e moderna arquitetura. Numa ensolarada manhã de primavera, surgiu no céu um gigante pássaro de ferro com asas de fogo, num lapso olhar, imágens de horror surreal, instantes depois o pó cinza da destruição se fez diante dos olhos que não queriam acreditar, gravando na memória do tempo, o surdo e comovente eco das vozes dos que se foram. Hoje, em seu lugar há um imenso buraco quadrado, como a alertar para os quatro cantos da terra, onde nem a água que a tudo toma forma e completa, nunca haverá de preencher. A lembrança das grandiosas e belas torres, se irmanam na saudade de cada nome gravado na fria pedra silenciosa. Elas já não existem, mas continuarão gêmeas para sempre em nossa memória, na dor e no estranho vazio que ficou no coração dos homens.
Uma singela homenágem aos que se foram...

Ana Coeli













quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vento de Agosto


Sopra vento, sopra vento!

Vento do mês de Agosto

Leva pra longe, muito longe meu desgosto...

Ó vento dos confins do mundo!

Tens o eco das montanhas

À noite bates surdo nas janelas

Açoitas meus segredos distantes
Arrastas o pó dos séculos e jogas por terra os sonhos dos homens...
Sopra vento, sopra vento...
.Claude Monet (Mulher com sombrinha-1875)
Ana Coeli

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Solidão

Seu olhar se perde na paisagem deserta
Tão triste, tão cinza
Tão ela mesma...
Há um inquietante silêncio na natureza
Os dias passam, passam...
Seu velho relógio marca o compasso da vida.
Em sua letargia
Gira a ampulheta do tempo
Se desfaz em sua areia...
No hiato do tempo
Mora a solidão
Ana Coeli
Autômata (Obra Realista, Ewduard Hopper,1927)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A bela Maya

   Minha bela, mais que bela gatinha Maya se foi, Hoje cedo ao abrir a porta à visão foi chocante, me deparei com seu corpinho estendido no chão. De inicio pensei que ela estivesse dormindo, ainda cheguei a chamá-la, mais logo vi que algo não estava bem pois a mesma não se mexeu. Naquele instante meu coração gelou, quando cheguei mais perto não quis acreditar.   Minha linda Maya (que veio do caminho das Índias) como gostava de falar, em virtude dos seus belos olhos que pareciam pintados de cajal preto, daí a origem do seu nome, estava sem vida.
   Nasceu em minha casa, filha da Flor de uma barriga de quatro filhotes, desde pequenina foi muito paparicada e amada por todos de casa, tinha pouco mais de um ano, raramente miava,  toda ela era a própria doçura, tinha seus lugares secretos e favoritos para dormir como: dentro de um jarro vazio ou no porta revista.
   O mais triste e que me deixou indignada com sensação de revolta e imensa dor, foi constatar que aquela criatura tão amorosa e inofensiva, foi vitima de um dos atos mais cruéis e covardes do ser humano.
    Minha doce Maya comeu inocentemente algo preparado pelas mãos da maldade humana, de um coração sem alma. Hoje, minha dor se mistura com um sentimento de vergonha, saber que tantos que nos rodeiam são tão egocêntricos e que não se fazem dignos deste belo e sagrado planeta em que estamos passando nesta vida. Tantos que plantam a indiferença em seu coração e maltratam os nossos mais puros irmãos que são os animais. Hoje, meu coração, todo o meu ser, chora e pede perdão a Maya, a Jade, Fumaça, Sininho, Kiko...   A todos os animais que se foram vítimas deste monstruoso e covarde ato. Perdão, pelos que não tiveram olhos de ver e o privilégio de conviver com uma das mais belas e puras formas de amor, ao excluir os animais de sua vida.
   No silêncio da minha dor, recito  o mantra sagrado budista de AMOR E COMPAIXÃO A TODOS OS SERES
CIENTES E SENCIENTES...  Que este sagrado mantra seja levado aos ventos aos mais distantes lugares da terra como BANDEIRINHAS DE ORAÇÃO E FLUTUE NOS CORAÇÕES DOS HOMENS de tão pouca ética e consciência... Perdão, minha bela Maya que veio das Índias, para encher meu coração de alegria e me ensinar à humildade e compaixão.

Ana Coeli




segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cisne Negro

No palco da vida há um balé dramático... Dois belos cisnes giram...
Em dias sombrios... Cisne negro abre suas assas sobre mim
Em meu delírio, seu balé tem passos marcados
Na sinfonia de luz e sombra, sua dança é frenética
No espetáculo da vida, quero a dança perfeita
Passos leves, ao som de Clair de Lune
Nas brumas do lago,o misterioso cisne negro agita suas asas
Voa em busca da luz e se transmuta no mais belo e puro
Cisne  branco....Símbolo de minha alma imortal.

Ana Coeli




       











quinta-feira, 14 de julho de 2011

Espelho de mim...

Espelho, espelho meu...
Ainda criança, descobri o Narciso que havia em mim.
Teu reflexo me fez presa da vaidade e de tua sedução
És rei das ilusões e carrasco cruel.
Guardas em teu cristal o enigma do tempo...
Que mistérios se oculta em tua face negra?
Quisera abrir teus sete portais!
Girar levemente teus espelhos mágicos
Me encontrar nas mil faces de outrora.
Há dias que te ignoro, evito cruzar meu olhar com tua gélida face.
Hoje,busco no brilho das estrelas
O espelho da minha alma...

Ana Coeli
Obra impressionista,Berthe Morisot-(The Cheval Glass)-1876