quarta-feira, 14 de março de 2012

Desilusão

A Persistência da Memória
A Persistência da Memória (Salvador Dali)
Não te enganes, tua dor é só tua
Tua solidão está  impregnada em ti
Não atires palavras ao vento
Ninguém te ouvirá!
Suportas dignamente a crueldade flagrante
Pois quando libertares tua alma
Serás apenas uma vaga lembrança ou uma foto esquecida no canto da sala, numa visão desolada, de uma decoração brega.
Ana coeli

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Encantamentos


Imensidão zul
Humildemente toca meus pés
Barquinho solitário pleno de mar
Pensamentos navegam no ar...Amar!

Ana Coeli

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Yesterday

Viro a página da vida
 Sopro o pó do tempo capturado pela luz
The Long And Winding Road
Classe de meninas, a bela farda azul, sapatinho de boneca
Das nossas conversas e o olhar severo da madre superiora
Corredores compridos; a capela, a gruta secreta, não rezava...
Nossos sonhos brilhavam com a força das estrelas
Naquele mundo, cabiam todas as cores do arco-íris 
 Pisávamos em Strawberry Fields Forever
Os colares de Romeu e Julieta, as flores do jasmim se entrelaçavam e inspiravam nossas paixões juvenis
Don´t Let Me Dawn era nosso hino em momentos de dor e dançávamos ao som de Twist And Shout
Das janelas centenárias, meu olhar se perdia Across The Universe...Yesterday
Ana Coeli

Strawbery Field Forever,Don´t Let Me Down, The Long and Winding Road, Across the Universe. Composição: Lennon/McCartney.
Yesterday. Composição: Paul McCartney
Twist And Shout. Composição: Phil Medley/Bert Russel


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Esquina


      Marc Chagal,La Danse (óleo sobre tela,1950)
Nas ruas estreitas andava distraída
Chutava pedrinhas para espantar as lembranças
Sua dor física se confundia com a da alma
O sol teimava em se esconder por trás das nuvens
Das úmidas telhas, o olhar fixo do gato espreitava sua alma
Na esquina diagonal, o bode tocava violino...
Ana Coeli

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Janelas da vida...Janelas da alma

Casarão de Olinda( Foto 10/8/11)
Manhã de sol e ventania, abro as janelas para festejar o astro rei que ha tempo não aparecia. As janelas fazem parte das manhãs, assim como o nascer do sol. Gosto de casas com janelas, muitas janelas, elas me comovem e me fascinam, pois é através delas que vemos o mundo lá fora, é por elas que sentimos e percebemos a promessa de renovação da vida e a leveza líquida da luz do sol.  O que há por trás delas? Quanta vida e sonhos escondem?  Quantos momentos felizes ou tristes deslizam com o tempo na paisagem de uma janela? Gosto de escancará-las para permitir que o claro do dia ilumine suavemente cada recanto da casa e desfaça as brumas da noite. É por elas que aspiramos o suave perfume das flores, sentimos o cheiro da terra, das telhas úmidas do orvalho das manhãs. Ouvi dizer que os olhos são as janelas da alma e certamente as janelas são a alma das casas. Elas constituem um portal para o mundo exterior, para outro lado, o além de nossas vidas em quatro paredes, uma verdadeira ponte, um chamado para vida que palpita em harmonia com leis imutáveis da natureza. Delas podemos enxergar o tempo e a vida caminhando lado a lado,a troca gasosa da clorofila, os pássaros, por vezes até, as pessoas que passam ao longo da rua. É por elas que divisamos montanhas, vales e horizontes, fora e muitas vezes  dentro de  nós mesmos.
 Na memória das janelas há olhares, paixões, segredos antigos, e o mais importante, a espera, ou um adeus de alguém que passa... Há grande magia ao olharmos uma janela iluminada com cortinas de renda em noites de luar, perfumada com jasmins, cujos galhos insistem em bater com o vento em sua vidraça, despertando singelos e mágicos sonhos.
As janelas das casas permitem que ao debruçarmos sobre elas, olhemos para o céu e deslumbremos em noites de estrelas, as janelas de nossa alma...
Ana Coeli













domingo, 6 de novembro de 2011

Eu lembro...



 Chagall, (La vie paysanne)
Eu lembro...
De acordar com o sol 
De um mundo de girassóis
Do verde olhar dos imensos campos de sisal e o lamento triste do motor
Das águas límpidas dos milenares tanques de pedra, o cinza dormente dos galhos na seca
 O branco dos varais esterilizados pelo sol e o azul, azul profundo da pedra de anil
Do burrinho de olhos tão meigos
Cargas d' água, potes de barro
Redemoinho de terra... Medo do saci- pererê!
No silêncio inquietante da tarde, bate pilão, cheiro de café
Eu, menina, sentada na janela, escutava a vida passar... O amolador de tesoura girou a roda do tempo.
Ana Coeli

sábado, 29 de outubro de 2011

Contemplação



O sol se derrama em raios dourados
Tarde morna, vento sopra de mansinho
Gatos relaxados dormem, dormem..
Pássaros silenciam
Por instantes, nada se move na natureza
Cores de Paul Klee!
Há silêncio... Contemplação

Ana Coeli
Paul Klee,Red Ballon, 1922.