quarta-feira, 23 de março de 2011

Vestido Azul...




Como nos contos de fada, também tive um lindo e precioso vestido azul do mais fino e belo papel crepom. Na Rua que morava havia uma família que estava organizando um pastoril, eu pequenina que era fui escolhida para ser a borboleta da dança, lembro que nos primeiros ensaios fiquei muito acanhada, pois tinha que recitar uma pequena poesia. "Sou bem pequenina do tamanho do tostão, levo papai no bolso e mamãe no coração, o bolso se rasgou e papai caiu no chão, mamãe que era doce ficou para sempre no coração” bem, era mais ou menos isso! Com a freqüência dos ensaios logo estava bem desinibida e dançava feliz a saltitar tal qual a própria borboleta.
Mamãe que adorava costurar e com mãos de fada, logo começou a fazer o vestido para a grande noite da apresentação, Com maestria e dedicação, tiras de papel de tamanhos e formatos diferentes foram se transformando em laços e babados arrematados com o fino e mágico pó de purpurina prata. Na primeira prova, foi um momento difícil e delicado, pois não podia se mexer para não correr o risco de rasgar e por tudo a perder. Lembro que levou vários dias para que ficasse pronto e das dificuldades que minha mãe se queixava por costurar em papel. Eu como sempre, me deliciava com as costuras, não saia do pé da máquina atenta a todos os detalhes, até vê finalmente pronto o tão esperado vestido. Foi assim naquela encantada noite perdida no tempo, com o coração a bater forte no peito e olhos de ver, metamorfose se fez na mais linda borboleta azul com purpurina nas diáfanas asas. Cantei...

... Dancei... E no veludo negro da noite, alcei vôo rumo às estrelas.


Somos pastoras, pastorinhas belas...,






Ana Coeli








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